sexta-feira, 28 de setembro de 2007

Lembrança de menina

Aquela menina que brincava de pipa e peca nas cercanias da Vila Frederich, cresceu. Não tem mais aquele brilho no olhar, o que ela tem agora é um leve sentimento de nostalgia. Lembra dos seus primeiros anos na escola como se fosse ontem e descarta os detalhes que a fazia triste. No entanto esses que a faziam triste fortaleceram-se e transformaram-se em experiências para que as próximas, se houver, não a faça sofrer.
Nos porões do armazém de seu avô escondia cadernos que ela tinha vergonha de mostrar e fazia a data na porta do rancho como se soubesse que algum dia esse dia seria lembrado. Não era muito vaidosa, até hoje não é. Coisas fúteis são passageiras, mas o ser, o saber, é construído com empenho e dedicação e esses são eternos.
A morte do gato, a doença do cachorro, o abandono do pai, sentimentos iguais em graduações diferentes. Mal sabia ela que a Matéria vem, e? Foi... Não volta mais. Como não se sente o mesmo quando, num dia onde o cotidiano começa atrapalhado com atraso na escola, ter que recorrer para realizar uma prova, mal-humorada, no fim de um dia cansativo olhar uma pessoa e sentir uma aceleração dentro do peito, sentir que deixou a inocência de lado e deu espaço para a ingenuidade. A partir deste momento a menina quer ser diferente, mostrar que cresceu, que tem como arcar com todas as esferas: espírito, trabalho, relacionamento e família ao mesmo tempo e de uma hora a outra.
Depois do primeiro coice, levanta-se, porque é normal, o gás está cheio ainda. Tem-se muita coisa pela frente. O pior é lembrar que para tudo tem a primeira vez e para vim as outras basta um deslize.
A menina-madura agora vive o seu apogeu, as experiências da vida tornaram-na sábia. Mas, mais que isso visa à menina de sempre. A menina inocente que sente prazer em brincar, com brincadeiras simples, pode ser! Brincar de amar o que se faz com amor.

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